"Sou muit@s!" Rubem Alves

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

.romper em mim

  São dias de avalanches, que vão além de nomenclaturas como 'boas' ou 'ruins'. Sair da inércia é sempre um processo doloroso, pois abdicar da zona de conforto é como agulha que entra de baixo da unha. Sentir estruturas de décadas se liquefazendo em questão de dias, ou até mesmo horas. Foi nesse ano ímpar que as avalanches de mim que se deram: conclusão da graduação, sair da casa dos pais, romper um relacionamento estável e executar planos que estavam ali querendo parir.
Pois bem, tirar o peso da monografia foi um romper pessoal, um sonho que dediquei a minha doce mãe. Transpor as barreiras que só existiam dentro de mim, os nós sociais que me impeliam a enterrar minha vida acadêmica, e agora rompido foi esse nó.
  Já em meados do inverno de 2015 foi a saída da casa dos meus pais. Creio que desatar esse laço de dependência afetiva tem sido o mais doloroso. Deixar o conforto do ninho é mais difícil que o conjecturado. Pois desde o dia 18.07 não havia ficado sozinha, eu com meus demônios internos. Evitei ao máximo ficar comigo mesma, sentir o peso das decisões. Sentir que estou sozinha, e tentar não desistir de continuar a caminhada pela vida. O desafeto de meu irmão e o distanciamento de minha mãe fazem disso mais difícil que parece. Lidar com a rejeição me causa buracos na alma, buracos que sangram constantemente e me entorpeço com neuroses de limpeza, de lavar e lavar e lavar novamente coisas. Como se eu lavasse a mim mesma, lavasse meu interior pra dor passar. É uma constante de ardor interno.Enfim, creio que qualquer dia o pesar estanca.
  É visto que tudo ao redor tem passado diante dos meus olhos e nada mais me comove. Como se meus sentidos estivessem anestesiados para estes. O fim da relação de dois anos, o envolvimento com outras pessoas, o trabalho, os amigos. Ah, os amigos... Acho que tenho sido uma péssima amiga, dado que meu mundo foi coberto pelas avalanches e só tenho buscado forças pra respirar mediante a tantos acontecimentos. Que minha companheira de vida continue a ter paciência para continuarmos o parto dos nossos planos, que gerados são a uma década.
  É nessa noite, que encerra agosto, que almejo continuar a ruptura que por anos anelamos. Que eu encontre um cais por hora, pra folego tomar e prosseguir.
  Que venha Setembro cheio de luz e energia pra prosseguirmos.

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