"Sou muit@s!" Rubem Alves

terça-feira, 27 de março de 2018

É março, seu fim está quase ao alcance dos dedos, quando vagueio-os pelo calendário da agenda do ano que passou. É um mês de "entremeio", visto que muitas coisas importantes - ou pelo menos o que a sociedade chama de importante - irão acontecer, em abril.
E em meio a tudo isso um bebê, que está com 23 semanas no meu ventre. Ela se chamará Ana. Não sei o que acontece, sinto que a amo de forma imensurável. E já anseio sua chegada. Sei também que caminho por dias incertos, pois todos os planos que tracei ruíram. E andar por novos caminhos, aqueles que me fazem ser dependente de outros me deixam anestesiada. Acho que é essa a palavra correta, anestesiamento. Não sou senhora da minha vida, e a inconstância desses dias de instabilidade política, social, familiar, emocional e dos amigos, me levam a refletir o que sou. Estou ruindo. Junto com meus sonhos...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

.romper em mim

  São dias de avalanches, que vão além de nomenclaturas como 'boas' ou 'ruins'. Sair da inércia é sempre um processo doloroso, pois abdicar da zona de conforto é como agulha que entra de baixo da unha. Sentir estruturas de décadas se liquefazendo em questão de dias, ou até mesmo horas. Foi nesse ano ímpar que as avalanches de mim que se deram: conclusão da graduação, sair da casa dos pais, romper um relacionamento estável e executar planos que estavam ali querendo parir.
Pois bem, tirar o peso da monografia foi um romper pessoal, um sonho que dediquei a minha doce mãe. Transpor as barreiras que só existiam dentro de mim, os nós sociais que me impeliam a enterrar minha vida acadêmica, e agora rompido foi esse nó.
  Já em meados do inverno de 2015 foi a saída da casa dos meus pais. Creio que desatar esse laço de dependência afetiva tem sido o mais doloroso. Deixar o conforto do ninho é mais difícil que o conjecturado. Pois desde o dia 18.07 não havia ficado sozinha, eu com meus demônios internos. Evitei ao máximo ficar comigo mesma, sentir o peso das decisões. Sentir que estou sozinha, e tentar não desistir de continuar a caminhada pela vida. O desafeto de meu irmão e o distanciamento de minha mãe fazem disso mais difícil que parece. Lidar com a rejeição me causa buracos na alma, buracos que sangram constantemente e me entorpeço com neuroses de limpeza, de lavar e lavar e lavar novamente coisas. Como se eu lavasse a mim mesma, lavasse meu interior pra dor passar. É uma constante de ardor interno.Enfim, creio que qualquer dia o pesar estanca.
  É visto que tudo ao redor tem passado diante dos meus olhos e nada mais me comove. Como se meus sentidos estivessem anestesiados para estes. O fim da relação de dois anos, o envolvimento com outras pessoas, o trabalho, os amigos. Ah, os amigos... Acho que tenho sido uma péssima amiga, dado que meu mundo foi coberto pelas avalanches e só tenho buscado forças pra respirar mediante a tantos acontecimentos. Que minha companheira de vida continue a ter paciência para continuarmos o parto dos nossos planos, que gerados são a uma década.
  É nessa noite, que encerra agosto, que almejo continuar a ruptura que por anos anelamos. Que eu encontre um cais por hora, pra folego tomar e prosseguir.
  Que venha Setembro cheio de luz e energia pra prosseguirmos.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Atropelamento

.vagão da rotina
que massacra as pequenas percepções
que nos nivela a medíocre e costumeira labuta
aquele esforço de vencer
vencer? Vencer o dia.

apagão de sensações
é só um fluxo
é o vagão que vem, veloz
que me torna minha profissão

e todo aquele querer de vida?
ah, o vagão passou por cima
e o ócio briga, puxa, esperneia
e eis que quando ganha uma fresta
dói de morrer

o que fiz de mim?
um fluxo.
que tenta romper, romper os trilhos
pra buscar a intensidade do incerto
de vida que sopra.
Minha luta!

segunda-feira, 3 de março de 2014

Piegas

.em dias de mim
sua ausência tilinta no peito
e sou a sua parte que me falta
aquela que me move

movimento de placenta
que gerou em nós, o somos.
pois de amor a morada,
 a gente brilhando...
feito olho de criança começando a estrada

somos infinitos de nós
que se embrenham
e constroem laços
de amar.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

quarta-feira, 3 de julho de 2013

RUA


 É mês de pipa, mês de Julho
Meninos, meninos negros de pé descalços
Correndo, e cheios de sorrisos
Aquela rua de santo, rua de São Francisco

Rua de donas que se mesclam a tantas cores
Aquelas, aquelas... aquelas cores radiantes de pipa
De sóis, de chinelos gastos, de dores amenizadas
De pés cansados, os mesmo que foram dos meninos
Meninos, meninos negros  que corriam descalços no chão batido

O chão que nada dá, chão de ausências
Chão de violência, chão de exclusão, chão de cerrado
Aquele que floresce a mais bela flor, a flor de meninos e meninas
Que parecem ter seus dias traçados pela grande máquina

Destino? Acho que é abandono
Que é amenizado com cores de pipas
Aquelas, aquelas... aquelas cores radiantes de pipa

Cores de dores...

[Juliana Carrasco]